Ultimamente ela tem pensado em algo bem inquietante.
O relacionamento deles existe e se alimenta de modo puramente virtual. Ele é o amigo imaginário dela, o amor idealizado. Ela tem o telefone dele, mas nunca tem vontade de ouvir a voz dele. Ele tem o telefone dela, mas nunca liga para ela.
Eles passam horas no chat, mas nunca com a webcam ligada. Não há necessidade de ver o outro. Só de saber que o "outro" existe do outro lado do oceano como um endereço eletrônico.
É um relacionamento que existe de lembranças. E que nas lembranças sobrevive, como poderia um dia ter escrito Proust.